Com novo templo, Paróquia Nossa Senhora das Graças renova ardor missionário
Afixadas lado a lado em uma das paredes próximas à entrada da Paróquia Nossa Senhora das Graças, na Vila Antonieta, Região Episcopal Belém, a pedra fundamental da igreja matriz, datada de 19 de maio de 1985, e a placa de inauguração, posta em 13 de outubro, recordam a todos que chegam que o templo levou 34 anos para ser concluído.
Erigida em 1954, a Paróquia Nossa Senhora das Graças teve uma primeira capela, de 49m2, inaugurada em 1958, e que foi sendo expandida ao longo dos anos. Em 1985, decidiu-se pela demolição da igreja e a construção de um novo templo.
“Naquela época, gastamos muito dinheiro com a fundação do terreno. Fazíamos mutirão de trabalho aos fins de semana, carregávamos latas de concreto nas costas para encher a fundação e fazer a primeira laje do salão”, recordou, ao O SÃO PAULO, o paroquiano Luiz Augusto Pereira, 57.
A não finalização das obras, porém, fez com que muitas pessoas se afastassem da Paróquia, o que culminou na desarticulação das pastorais e no esvaziamento das missas.
RECOMEÇO
Ao assumir como Pároco, em outubro de 2018, Padre Valdir João Silveira, inicialmente, inteirou-se sobre a situação das obras. Depois, montou uma equipe para viabilizar sua conclusão, o que aconteceu em pouco mais de cinco meses, graças a doações diversas, utilização dos recursos já existentes e atividades feitas para arrecadar verbas.
“Fizemos festa da Feijoada, Macarronada, Panqueca, e muitas outras ações. Lançamos o carnê da construção para que as pessoas doem mensalmente e também algumas rifas, como a de um ovo de Páscoa”, detalhou Zaira Maria Nonato, 65, que integra a equipe de obras.
Segundo o Padre Valdir, a retomada da construção e as ações de divulgação fizeram com que as pessoas retornassem à igreja. “Colocamos um carro de som passando pelas ruas próximas da Paróquia e perto da feira do bairro para anunciar as atividades da igreja. Também conseguimos afixar nos comércios a divulgação de inscrições para os sacramentos”, contou o Sacerdote, destacando, ainda, o engajamento dos jovens que disseminaram pelas redes sociais informações sobre as atividades da Paróquia.
A NOVA IGREJA
Do chão ao teto, à exceção do sistema de som, tudo é novo na igreja matriz, incluindo a imagem do Cristo Crucificado, feita em fibra de vidro; um painel em porcelana 3D atrás da imagem; o presbitério, que possui rampas de acesso para cadeirantes (assim como há na entrada da igreja); a pintura e o revestimento externo; a Capela do Santíssimo Sacramento; e as imagens nas laterais do interior do templo, entre estas uma de Santa Dulce dos Pobres.
E foi justamente no dia de canonização da Santa, em 13 de outubro, que houve a inauguração, celebrada por Dom Luiz Carlos Dias, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém. Já a dedicação do templo e do altar aconteceu no domingo, 3, em missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano.
“Tenham a certeza de que esta reinauguração é um testemunho que vocês estão dando aqui no bairro, um testemunho de apego à fé católica. Certamente, vocês poderão chamar muitas pessoas para que voltem à igreja”, afirmou Dom Odilo, no início da missa.
DEDICAÇAO Á DEUS
O rito de dedicação foi iniciado com a bênção da água, aspergida sobre os fiéis, o templo e o altar. Na sequência, o Lecionário foi depositado sobre o ambão. Após a homilia, houve a Ladainha de Todos os Santos. Depois, mencionou-se que a relíquia de Santa Dulce dos Pobres já tinha sido depositada no altar quando da edificação do presbitério. Houve, ainda, a prece de dedicação do templo e do altar; a unção do altar e das paredes da igreja com o óleo do Crisma; a incensação do altar, da igreja e da assembleia de fiéis; acendimento das velas nas quatro cruzes das paredes do templo, bem como das velas que margeiam o altar, que depois foi revestido e teve as laterais ornamentadas com flores.
“O altar consagrado, dedicado a Deus, não é mais uma mesa qualquer, é a mesa dedicada à celebração da Eucaristia e às coisas sagradas”, ressaltou o Arcebispo.
TEMPOS VIVOS
Na homilia, o Cardeal Scherer lembrou que Deus fala à comunidade no templo, especialmente no domingo, o Dia do Senhor, e que a missão de todos é chamar mais pessoas para que façam parte da comunidade de fé.
Dom Odilo afirmou, ainda, que, a partir do Batismo, cada pessoa é templo de Deus, e que, como recorda São Paulo Apóstolo, “o templo de Deus é santo e deve ser tratado com respeito, com dignidade. Eis porque somos chamados à vida santa, uma vida digna, para não profanar em nós nem nos outros a dignidade de pessoas humanas”.
O Arcebispo recordou, ainda, que a comunidade paroquial deve se manter unida em torno de Cristo, fundamento da Igreja; do altar; da Palavra de Deus e do sacerdote, “que em nome de Jesus é o pastor da comunidade”, e igualmente em comunhão com o Papa.
ESTADO PERMANENTE DE MISSÃO
O Cardeal afirmou que agora que o templo físico está construído, os paroquianos têm a missão de continuar, em espírito missionário, “a edificar a Igreja viva, reunir, congregar a comunidade, na unidade da fé, da esperança e da caridade, nos serviços pastorais, na ajuda com o Padre, para que no bairro essa igreja seja sinal da família de Deus que está aqui”.
Por ocasião do Mês Missionário Extraordinário, celebrado em outubro, a Paróquia estabeleceu como prioridade a visita às famílias, especialmente àquelas que ainda não estão na igreja.
“Definimos um tema para a nossa Paróquia, que é basicamente ‘Chamar os que estão afastados’, pois temos mais de 15 mil católicos no bairro, mas à nossa igreja, com as quatro missas no fim de semana, vêm de 800 a 900 pessoas. Onde estão os outros?”, afirmou à reportagem, Edilson Alves de Oliveira, 53, paroquiano que atua em diferentes pastorais.
De acordo com o Padre Valdir, desde que assumiu a Paróquia, foram feitas reestruturações nas pastorais, com a montagem de equipes de liturgia e de canto para todas as missas, início de grupos de jovens, Coroinhas, Pré-Catequese, Perseverança e Terço dos Homens, além da ampliação dos grupos de rua, Apostolado da Oração e das Pastorais da Limpeza e do Dízimo. Também há maior procura pelos sacramentos do Batismo, primeira Comunhão e Matrimônio.
E, se depender da animação dos paroquianos demonstrada na missa do último domingo, a Paróquia Nossa Senhora das Graças cumprirá a missão de evangelizar na Vila Antonieta: “Espero que sejamos sempre uma igreja acolhedora para aqueles que chegarem pela primeira vez e para os que retornam. Que, ao passarem aqui em frente, todos sejam atraídos a entrar e sentir a paz de Deus que está nesta igreja, que ficou muito bonita”, expressou Luiz Augusto Pereira.